quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Ele e Ela

Ele acordou e resolveu não sair da cama.
Ela acordou e sabia que tinha muito a fazer.
Ele, logo cedo, recebeu um telefonema e tinha um compromisso.
Ela, logo cedo, fez um telefonema e confirmou seu compromisso.
Ele se aprontou correndo para chegar na hora.
Ela, basicamente, não tinha hora para chegar.
Ele então entrou no ônibus e foi ter com seus amigos.
Ele então entrou no ônibus, desceu, e também foi ter com seus amigos.
Ele jogou sinuca, comeu churrasco e tomou cerveja.
Ela conversou sobre vampiros e purpurina, um grande P.E. no saco
Ele estava gostando de onde ele estava.
Ela finalmente saiu de onde ela estava.
Ele pegou um copo de cerveja e olhou para a porta.
Ela então passou pela porta.
Ele não notou ela.
Ela não notou ele.
Ele cumprimentou uma amiga.
Ela foi apresentada a ele por uma amiga
Ele a conheceu.
Ela o conheceu.
Ele foi para um lado.
Ela foi para outro.
Ele andou com um amigo para onde ela estava.
Ela continuou a conversar com todos.
Ele viu um amigo beijando uma amiga dela e riu disso.
Ela viu uma amiga beijando um amigo dele e riu disso.
Ele conversou com ela sobre algumas coisas.
Ela concordou com ele sobre outras coisas.
Ele, de repente, ficou sozinho com ela.
Ela não se incomodou de estar sozinho com ele.
Ele falou algumas palavras sem sentido.
Ela fingiu que entendeu ou que não entendeu e ficou por isso mesmo.
Ele a beijou.
Ela retribuiu o beijo.

Eles começaram a rir junto de algumas coisas.
Eles dançaram forró.
Eles se abraçam.

Eles trocaram sms, muitas sms e alguns telefonemas.
Eles viram filmes no cinema.
Eles tomaram sorvetes.
Eles conversaram pelo MSN.
Eles começaram a namorar.
Eles se tornaram repetitivos.... Te adoro, te adoro, te adoro.
Eles ainda trocam muitas sms.
Eles prefeririam se gostar e gostaram muito um do outro.
Eles descobriram a webcan e passaram a se ver mais vezes.
Eles iam muito ao cinema.
Eles estavam de férias.
Eles se viram a primeira vez fora do fim de semana. Terça-feira.
Eles decidiram que gostar era pouco.
Eles se amam
Eles trabalham juntos
Eles descobriram que discar é mais legal que teclar.
Eles ligam um para o outro todo dia, mesmo se vendo todo dia.
Eles adoram se beijar.
Eles passam por maus bocados juntos.
Eles recebem boas noticias juntos.
Eles choram juntos.
Eles sorriem MUITO juntos.
Eles são felizes juntos.
Eles vão ficar juntos... pra sempre.
Eles pensam em como vai ser a cozinha.
Eles pensam em como vai ser a sala.
Eles pensam em quantas polegadas vai ter a TV.
Eles continuam discutindo sobre o filho e o cachorro.


Ele ama muito ela. Ela idem...
Ele e ela passaram a ser ELES.
E viram que o plural se tornou indispensável.


Renato Pedrosa Neto

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Escolhas

Por mais triste que pareça: a solidão.
Por mais azul que se creia: a alegria.
Por mais traiçoeiro que se insinue: o desejo.
Por mais ameaçador que seja: o amor.

Sempre por mais, nunca por menos.
Ser é sempre mais , ainda que a curva seja ladeira abaixo.

domingo, 20 de dezembro de 2009

A rosa

Ele entrou velozmente no vagão nos últimos segundos. Uma mulher achou que ele era estranhamente atraente, ainda que esbaforido. Uma menina o achou divertido, com aquela cara engraçada. Uma senhora achou que ele era imprudente. E um homem, achou que ele era um idiota.

Todos estavam corretos.

Andou mais alguns metros dentro do vagão e olhou pela janela se deliciando com a velocidade do veículo. Aquela velocidade segura e calmante ainda que o balançasse um pouco. Pra ele, aquela balançar era mais como uma rede ou uma cadeira de balanço. Acalmava.

O último assalto tinha lhe rendido um ipod novo, um Big Mac e uma rosa. Sim, uma rosa. Ele sempre reservava alguns trocados para comprar uma flor. Mais especificamente uma rosa. Sim, ele sabia que uma rosa era clichê o suficiente. Mais não havia necessidade de criatividade para isto. A esperteza ele guardava para aquelas outras situações. E uma rosa é assim um Ray Ban, nunca sai de moda. Sim, ele tinha uma Ray Ban. E sim ele comprou uma rosa no mesmo dia.

O Big Mac já estava em digestão. Foi a primeira aquisição.
O ipod no bolso, apenas no bolso. Aquelas músicas barulhentas que ele havia encontrado no aparelho não lhe agradavam nenhum pouco. Ele preferia musica clássica. Sim, música clássica e funk. Os extremos nunca haviam o incomodado.

Sentou em um banco, quase no fim do vagão em que entrou. A rosa era sua contrapartida. Fazer melhor o dia de alguém com aquela rosa haveria de equilibrar as coisas de alguma forma. A rosa era sagrada. Se faltasse, ele interava. A rosa era sagrada.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

O lugar certo

Não há mente capaz de completar um quebra-cabeças com as peças erradas.

É claro que haverão discordâncias:

Uns vão achar que não são capazes de resolver.
(por sua própria incompetência).

Outros vão ignorar e dar o trabalho por completo,
ainda que falte alguma peças.
(bem mais que as que de fato estão erradas)

Outros vão pensar em cortar a peça e/ou enfiá-la a força
(afinal de contas, isso é um quebra-cabeça e isso é uma peça,
obrigatoriamente eles devem se completar, é lógico)

Outros ainda, vão procurar outra coisa para fazer.
(deixando tudo como está)

Mas tem sempre Um que tem o olhar mais atento,
E percebe que as peças estão fora do lugar e que estranhamente
(as olhos de Uns e Outros)
Sai do lugar e vai á procura do lugar certo.

E aí a gente entende por que Um é assim tão singular...

Presente

O presente que a gente não espera é sempre o mais bonito.
Talvez pelo teor da surpresa
Ou pelo caráter milagroso da realização.

Tem presente que vem fora da data.
Que arranca cara de natal.
E presente de natal que serve pra vida.

Uma vida toda de presente pra ficar a vida toda presente.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

o silêncio

As vezes queria sentir ao menos meia dúzia de palavras.
As vezes queria sentir apenas essa meia dúzia de palavras.
Mas as vezes é o silêncio que ocupa o espaço.
E o mais estranho é perceber como ele consegue
preencher o ambiente até te esmagar
contra as parede dos seus próprios sentimentos.

Sabe aquele famoso nó na garganta?
É aquele mesmo, o que aparece
quando tudo vem abaixo junto com a sua expressão.
Nada mais é que a palavrinhas que por não saber como sair
se aglomeram e te deixam sem conseguir nem ao menos engolir.

O silêncio geralmente é sinônimo de hiperatividade cerebral.
(Ao menos pra mim)
De preocupação extensa, extensa, extensa, extensa
Extensa o suficiente para não te deixar falar.
É que as vezes acontece tanta coisa que a gente não assimila rápido o suficiente para por pra fora.
É aquele outro nó na garganta.
Esse as vezes a gente chama de sapo.
E quem dera ele fosse obra de um ou outro
mal educado que fala demais.
O problema é justamente quando toda a sua vida fala demais.

E aí a gente espera.
E com sorte a gente chora.
Com azar a gente estressa.
E com o tempo tudo muda de lugar.
E algum dia, tudo vai embora.

E com o espaço sobrando, as palavras voltam.
Afinal de contas, elas não são tão desnaturadas.
Por mais tempo que possam passar longe,
elas nunca abandonam os velhos amigos.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Bom Dia.

Um dia eu acordei.
Decidi ficar na cama.
Não estava com pressa se sair de lá.
Estava me sentindo confortável.
Aninhado, protegido.
Estava em meu Éden particular.
Em meu verdadeiro paraíso.
Tranqüilo, sereno...
Estava em um momento único em meu dia.
Tinha certeza que, naquele dia, não haveria um momento igual.
E que momento...
Estava em transe, em alpha.
Tinha encontrado o meu nirvana.
Tentei aproveitar esse meu momento ao máximo.
Sabia que não duraria para sempre.
Nem sequer duraria muito tempo.
Me encolhi e fiz todo o esforço possível para aproveitar mais esse momento.
Me sentia em um dia quente mas não em um dia de verão, um dia agradável em um lugar agradável.
Apesar de meu ninho estar me agradando ao máximo, queria mais.
Queria uma sensação nova.
Misturada a tudo o que eu já sentia.
Então, abracei o que eu mais queria com força.
Lhe dei um beijo e lhe disse bom dia.

Com todo o meu amor,

Renato Pedrosa Neto

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Deixar, deixa estar, deixa ser...

A gente deixa a vida, pra não deixar de ser história
A gente deixa a memória pra não deixar de ser bonito
A gente deixa o infinito pra não deixar de ser momento
A gente deixa o pensamento pra não deixar de ser paixão
A gente deixa o coração pra não deixar de ser sozinho
A gente deixa o caminho pra não deixar de ser estrada
A gente deixa a madrugada pra não deixar de ser dia
A gente deixa a alegria pra não deixar de ser lamento
A gente deixa o sentimento pra não deixar de ser triste
A gente deixa o que existe pra não deixar de SER
A gente deixa mudo pra não deixar DI ZER...
Eu te amo

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Guarda Roupa

Dê uma geral no seu guarda-roupa.

Jogue fora todos os mal entendidos.
Tire do fundo da gaveta todas as suas palavras floridas e as memórias felizes.
Organize seu armário com um critério de alegria: das mais simples para as mais cintilantes.
Enrole as tarefas bem apertadinhas para liberar espaço para coisas mais importantes: lazer e atividade física, por exemplo.
Separe todos os bons conselhos que você ganhou e doe. Pra você já é peça batida mas pra quem vai ganhar é coisa muito nova.
Guarde os carinhos sempre aos pares, um dentro do outro para que eles não se percam.
Os beijos você pode deixar espalhados, não à reveria é claro. Mas evite deixá-los guardados, principalmente em lugares fechados. Eles precisam respirar ainda que percam o fôlego.
Não se esqueça das peças essenciais: por favor, com licença e obrigado.
Tenha sempre em seu guarda roupa com peças como: Atitude, responsabilidade, solidariedade, beleza, saúde, respeito e amor. Todas elas combinam entre si. Você pode usar a vontade.
Mas não seja muito careta, use ousadia e atrevimento também. Tudo na hora certa fica perfeito!
E os sorrisos você pode deixar em um lugar bem à mão, pra usar bastante!
Recicle suas idéias e aproveite reinventar nesta reforma.

Mas não espere o fim do ano, a segunda feira, nem seu aniversário para dar essa geral. Nessa faxina você vai encontrar coisas legais que já tinha esquecido perdidas no meio da bagunça do cotidiano.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

A cores

E assim sem nem fazer idéia de que isso poderia acontecer, a menina que nunca perdeu, sabia muito bem o que queria encontrar.
E fosse o tempo que fosse. Por mais simples e frágil, claro.
Ou sutilmente estarrecedor.
Seria o que tivesse que ser.
Com mais cor.
E por mais extremista que fosse, ficou absolutamente contente com um arco-íris em dégradé.

Binário da Silva

Morava em uma bela Home Page, mas vivia saracoteando escondido, visitando sites por todo o mundo. Era fã de esportes radicais. Saltava de um .br para um .us, assim, sem a menor preocupação com um choque térmico ou qualquer impacto de queda de rede ou sem ela. Mas gostava mesmo era dos .com, quanto mais melhor.

Gostava também de visitar seus favoritos. Quem não gosta? Um que tem um bom assunto. Outro que te faz dar umas boas gargalhadas. Outro que sabe de tudo que está acontecendo no mundo... É claro que mesmo escolhendo muito bem as visitas sempre encontrava algum hospedado querendo vender alguma coisa...

Outro dia, estava contando os pixels de uma lagoa, meio cansado dessa vida de comprime e descomprime, quando a luz acabou, sem ninguém pra salvá-lo acabou corrompido. Nunca mais conseguiram recuperá-o...

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Inacabado

A gente começa tanta coisa que não termina. A sensação de deixar algo inacabado é de abandono. Deixar um texto pelas metades é como abandonar um filho pelo caminho.
É meio injusto.
Mas quem sou eu também para falar sobre filhos...
Se bem que esses são os meus filhos.
Alguns são quase um parto para ficarem prontos. Outros fogem naturalmente das entranhas dos meus pensamentos.

O fato é que as vezes eu começo um texto e termino em dois.
Às vezes alguns pedaços se acham e viram um.
Mas às vezes falta alguma coisa, falta aquela frase de arremate, falta a moral da história.
E aí bate o sinal, o relógio grita a hora de sair e o texto fica assim meio inacab...

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Filme Antigo

Viu mais uma vez aquela velha história dançando na luz do projetor. Era como se a sua memória fosse diretamente projetada naquela parede. Que parecia já ter as marcas reais dos gols que as crianças faziam impressas à lama com a identidade da bola.

Aquela era uma forma de esquecer o que passou no verão seguinte. Quando as ondas levaram seu futuro craque. Ele nem queria ser nadador, mas adorava a água.
Um dia sem aviso, o mar veio buscar o que nunca trouxe de volta.

Os olhos dele ficaram na jabuticabeira do quintal, junto com o sorriso no balanço e as gargalhadas na casa da árvore.
Ele estaria ali para sempre, mas o mar vinha buscar cada pedacinho, um de cada vez.
Até que não sobrasse mais nenhum do menino, nem da mãe que alimentava a maré com lágrimas mais densas que o próprio mar...

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

La pluie

Assim que amanheceu aquele dia, o pior aconteceu.
Não que fosse muito simples viver de brisa no estômago.
Mas a chuva, que não mata a sede, derrete a moradia.
Ofende os olhos, fere o orgulho, humilha o âmago.

As gotas molhavam o rosto cansado, sofrido, exausto.
A única água à molhar as rugas, sem lágrimas nem banho.
Ação escorrendo pelos dedos, um grito pelo canto da boca.
Êxodo de piolhos mal nutridos “comendo poeira” de sonho.

O vento aos urros, levava embora o resto do teto frágil.
Ao menos tapava as estrelas num aconchego grosseiro e vil.
Arrastando pela rua a última foto, que guardava lembranças.

Privado de tudo, até mesmo do desespero que às vezes alivia.
Andou devagar, buscando, no silêncio de uma prece vazia,
Em outro papelão, o que nunca chegou a ser uma esperança.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Passagem

Com mais dois breves pensamentos ele teria desistido. Mas fazer o quê? Nada era tão simples como comer o doce de banana feito pela mãe. Teria que enfrentar aquilo mais cedo ou mais tarde.

A mala estava pronta. Bem vazia na verdade já que teria que deixar para traz a maioria das coisas. Algumas só veria de novo em alguns pensamentos deturpados, quando alguém tentasse lavar suas memórias com um shampoo inapropriado, qualquer um que não fosse para memórias secas.

A passagem logo a frente esperava com a impaciência típica dos portões. Tudo é passado de hora, tudo é da hora passada, tudo é só passagem. Portas são frias. Disso ele não se esqueceria. Mas ignorou por dois breves momentos.

Se despediu dos entes queridos. A despedida foi longa, eram muitos, de lugares diferentes do planeta e até de fora dele. Abraçou com grande pesar seu melhor amigo, levantando-o do chão. Chorou por dois breves segundos. Ensopando o pelo providencial do companheiro.

Respirou fundo, por duas breves eternidades tentando se concentrar. E sabia muito bem que só havia conseguido chegar ao último suspiro, porque não precisava pensar no que estava fazendo. Fazia parte das coisas que ele já sabia de co: respirar. E isso ele fazia bem. Quando a asma deixava é claro. Ergueu o pé direito (superstições dá avó que ele preferia não contrariar) e com um passo maior que as curtas pernas, entrou na adolescência.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Um pouco meio muito (36)

Era assim uma menina estranha sabe? Um dia noite, outra noite dia. Ninguém sabia muito bem o que esperar dela. Mas ela esperava muito.
Era de extremos. Perfeitamente polarizada.
Ria às gargalhadas, assim, à uns 80 decibéis pelo menos.
Ou chorava baixinho, assim, uns 80 minutos pelo menos.

Não fazia muito sentido.
Mas sentia demais...
Bem da verdade, dia de mais, de menos, de qualquer jeito ou de jeito nenhum.
Mas sempre muito.
Por natureza, pecava pelo excesso.
Talvez esse fosse o menor de seus pecados.
Talvez o único.
Mas “talvez” é meio termo.
E o que é morno, sem a menor dúvida, ela deixava para trás.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

"Crianças"

E eles se olhavam com um deslumbramento incrível. Parecendo criança olhando a vitrine de uma loja de brinquedos. “Parecendo” é eufemismo. Eram mesmo duas crianças com um presente de natal. E fora de época ainda, uma vez que guardava uma natureza inesperada no presente. A regressão infantil dos apaixonados não assustava.

A regressão permanente dos que nunca vão crescer já havia se instaurado ha muito tempo naqueles dois. Já era incorrigível.


Os olhos eram reflexos dos dentes. Sempre expostos devido a um sorriso contínuo. Isso, é claro, quando não estavam presos nos longos beijos que embasbacavam velhinhas beatas à caminho da igrja. Como se elas, muito melhor que eles não soubessem do que se tratava. Seria muito triste se não soubessem. Chegar àquela idade sem viver isso alguma(s) vez(es) na vida era vegetar, não viver.


Andavam de mãos, braços e pernas entrelaçados. Descendo as ruas com a silhueta de um monstro de ficção científica. Mas ninguém tinha medo, porque era notável que eles andavam em uma outra dimensão e mal se davam conta nem mesmo dos olhos curiosos e reprovadores. Eles não estavam nem aí mesmo. E nem por aqui, agora. Ninguém sabe onde foram, ou se eram de verdade. Sumiram. Porque morrer, não morreram. Aquilo mesmo já era pular do precipício. De mãos dadas inclusive, e é claro também.


Talvez tenham se perdido em uma carta, numa lua, num filme, num sonho...



















Ou só fugido para um motel pelo caminho.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Golpe de estado

Desconsiderando todos os avisos de perigo que gritavam nos seus ouvidos. Que alternavam entre gol de copa do mundo, loucos doido varrido, queda de precipício e barata voadora. Colocou um salto alto, aquela blusa que a deixava mais magra e a saia acima dos joelhos, a única do guarda roupa, ainda que escasso. Usou um o batom de ocasiões especiais, se deu ao trabalho de se maquiar, coisa que raramente fazia mesmo em dias de festa. Quando saiu da casa concluiu que não era ela que saía, era uma outra, totalmente montada, feita de peças que ela usava com moderação. Uma por vez. E mesmo assim, já se sentindo deslocada.


No caminho, silenciosamente, as duas discutiam, a que não saiu e a que passou pela porta de casa ainda há pouco. A primeira continuava gritando insistentemente. A outra se fazia de surda e planejava uma entrada triunfal, sorrindo meio de lado, por ter tomado o controle pelo menos por um dia...

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Ele

E com a brutalidade de um suspiro ele se pôs de pé. Não tinha mais o que fazer ali.
O que haveria de esperar ouvir naquele lugar, além de combustíveis para suas próximas insônias?

Na verdade neste exato momento começou a se questionar que diabos tinha ido fazer naquela alcova. Se sempre soube o que lhe poderia dizer. Que nem um fio de esperança nunca lhe deram, isso ele não podia negar. Mas não podia deixar de ir e com a mesma intensidade que sempre sentiu, a raiva foi aplacada pela apatia. Quase na verdade, não se podia dizer que era ou estava apático, mas não tinha brilho algum no céu que passava em curvas sob sua cabeça.

Mas sem ao menos saber, de fato, naquele momento conjecturou que o que sentia era maior que os dragões. Os sentimentos verdadeiros são maiores que as feras. Assim mesmo, sem sentido, ou melhor, sem lógica. Sem a mesma lógica dos loucos mas com sabedoria equivalente...

Havia concordado em chegar até ali sabendo perfeitamente o que ouviria e o que não conseguiria dizer. (os ensaios mentais de nada valeram, mas isso ele bem sabia também). E aí fica a bela questão da noite: Por quê, se já sabia? Por que sente se não merecem seus (agora sentidos) sentimentos? Por nada mesmo.
A correspondência na verdade é apenas um bônus de quem sente. O sentimento é por si só. Querendo ou não. Afinal são milhões e porque raios o raio haveria de cair no mesmo lugar em mãos opostas, sem contramão, com vaga livre e sem multas? Uma recíproca nunca é verdadeira. Ninguém sente igual. Mas para quem acredita em coincidências...

Respirou fundo, sutil como um furacão, o soluço que secaria por alguns segundos os olhos eternamente marejados. Olhou as flores que carregava. (rosas é claro, mais clichê que isso impossível, mas sentimentos também são clichês, sempre são). E saiu por aí distribuindo as rosas para quem cruzasse seu caminho. Esperando deixar com elas um pouco de seus sentimentos transformado nos sorrisos dos presenteados. Afinal, enfim, o destino de todo sentimento é circular entre as lágrimas e os sorrisos dos quais são feitos.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Acordando (soneto despertador)

Viver passando em caminhos sinuosos

Olhando os outros pássaros que não voam para o sul

Tentando dizer mais que por favor, com licença e obrigado

Inventando palavras mais mágicas que o som


Chorando chuva ácida em lágrimas répteis de tão repetidas

Rindo tão alto quanto o que a platéia acha conveniente.

Sendo convencido à sombra de infelicidades seguras.

Achando a tristeza tão comum e simples, quanto inerente.


Mas e se não for bem isso?

E se não é de tão sós que se faz a multidão?

E se tuso isso é feito de mais vontade que obrigação?


E se fosse mais sorrisos que lamentos azuis?

Se for mais vermelho que dias nublados?

E se formos feitos de movimento? O que mantém todos nós parados?

P&B

Sim, amanheceu e isso não está muito claro.

Você poderia esclarecer meu dia

Pintar de cor e alforria

A prisão dos sonhos meus.


Eu bem queria entender

O que chamou tua atenção

Era amor ou era atração

Era magia ou era de Deus?


Fala com força e clareza

Pensando melhor não pensa

Não vai fazer diferença

Deixa pra lá o que aconteceu


Preto sem branco, vice-versa

Você não esta mais em mim

Pensando bem melhor assim

Deixa levar o que nunca foi meu

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Divagações atuais

Por mais de uma vez divaguei a cerca de meu rumo.

O que eu devo fazer.

Me contaram que para as teorias sociais contemporâneas a depressão é fruto da falta de perspectiva.

Engraçado é que meses antes eu cheguei essa conclusão por experiência própria...

Mas então se o grande mal do nosso tempo é a tal depressão, decorrente da insegurança conquistada ao elevarmos a liberdade a máxima potência, o que podemos querer?

Na sociedade disciplinar o indivíduo goza de segurança, ao preço da liberdade que fique bem claro.

Estaríamos dispostos a pagá-lo?

Estaria esta questão correta?

Adiantaria pensar nisto, já que os novos tempos passam por mudanças nunca vistas?

Na era das perguntas sem respostas, ou de cem respostas no mínimo!

A grande impressão que tenho é que fica tudo no ar.

Que não adianta muito pensar no que foi ou no que terá sido na perspectiva da ação.

Entender é bom, saber é válido, mas as regras não se aplicam ao novo.

E assim, como na teoria do caos o padrão é tão complexo que beira a confusão completa à nossos olhos destreinados.

À mim, reles mortal, me resigno ao que a pós modernidade me destinou: saber o que é melhor ao menos para mim.

Então prefiro observar.

Mas minha cura reside no riso.

Simplesmente no riso simples.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Sonhos...

Sonhos coloridos são caros...
Porque são difíceis de se achar.
Quase ninguém sonha colorido.
Hoje em dia, quase ninguém sonha.

Mas, QUASE, é meio sim
Talvez menos do que é meio não.
E mesmo assim meio triste por ser maioria não.
Assegura seu mínimo sim.
Guardado como tesouro.
Como pérolas de otimismo dos desacertos certos.
O quase guarda o POSSÍVEL.
Que é toda a esperança de quem ainda crê.

terça-feira, 2 de junho de 2009

O mesmo

É, cada um tem que seguir seu caminho!
Bah! Que lugar comum!
Frases feitas!

Quando acaba o amor, não sobre muito mais que isso.
Frases feitas. Qualquer coisa que alguém já tenha dito quando uma parte do coração foi levada para o lado oposto.
Ventanias...
Elas têm o poder de levar as coisas para longe.
Mas duram tanto quanto a intensidade.
Tudo que é intenso se consome mais rápido.
Grande novidade essa também...

Mas ainda assim, elas são menos perigosas que as calmarias.
Elas não lhe deixam sair.
Ou aos poucos te levam sem que você perceba.
Elas têm o poder de levar mais longe ainda.
Mas também duram tanto quanto a intensidade.
Se estendem por milênios intermináveis

E te levam para os lugares comuns.
Onde todas as pessoas passam.
Sem fazer a menor diferença.
Sem se importar com as marés que você viveu.

Frases feitas, lugares comuns...

Assim como os desabafos em escarlate dessa janela dos meus discursos simples.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Relevância

Quantas luas você penhorou para vir até aqui?
Não mais os poentes que eu molhei, sem você.

Mas agora que está tudo bem,
Podemos pensar em dizer algo mais do que:
Te amo.

Talvez pensar nas mazelas do mundo.
Nos problemas decorrentes das relações interpessoais através da virtualização trazida pelo advento da tecnologia.
Ou nas implicações da existência da antimatéria sob a fé religiosa.
Ou sobre os efeitos causados pelas dicotomias gregas milênios após.
Ou ainda, discutir sobre o determinismo caso possamos definir a localização exata de um elétron.
Ou qualquer lugar comum assim bem “Cult”.

Podíamos...
Mas prefiro falar de coisas mais importantes, então, podemos voltar ao assunto.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Não resposta

O que é minha não resposta se não

Um sim que tem medo de afirmar ou

Um não que tem medo de perder?


Meus medos são tão simples.

Tão irrelevantementes preocupantes.

Que me tiram do sério nessas gargalhadas trêmulas.

È que eu sei no que isso vai dar.

Já vi toda a história.

Não que já tenha visto esse filme antes.

Mas é fácil entender o roteirista.


Eu devia mudar de rota.

Mas sou egoísta e masoquista o suficiente para não te deixar agora.

Além de covarde é claro.

Então, se já não há mais volta.

Se já mergulhei nisso.

Não deixemos esta resposta meio bamba...

Seu pedido ainda ta de pé?

sexta-feira, 15 de maio de 2009

O Sem Lugar

Não sei porque
Depois de infinitos poentes seguidos de ausência mental
O Sem Lugar me veio a mente.

Talvez ele passeie pelas pensamentos das pessoas
Assim como passeia pela vida delas.
Ora aqui, ora ali, mas uma outra lá.
Procurando um lugar.

Volta e meia alguém se lembra.
Voltas inteiras todos se esquecem.

Vida difícil.
Existência impossível.

Sentir-se deslocado as vezes é comum.
É não ter uma parte daquele mundo.
Sentir-se deslocado em todos os lugares é diferente.
Seria não ter nenhuma parte com este mundo?

O Sem Lugar é triste.
Sempre falta algo.
Ele é sempre o estranho no ninho.
Por isso ele é itinerante.
Assim, um nômade sempre à caminho de casa.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Fuga

Me questionaram a paixão.

Você já se apaixonou novamente?

(E lá sei eu se já alguma vez?)


Exatamente no momento em que corro milhas de Afrodite.

E tento me esquivar de Eros a todo custo.

O mais engraçado é que parece que ele está tentando me acertar de qualquer maneira.

Qualquer dia me acerta.

Nem que seja com um canhão.
(o amor mesmo tem a sutileza de uma fecha atirada a canhão)


E eu...
Faço de Caos minhas palavras.
A ordem é tão complexa que não dá pra entender.
É melhor deixar pra lá.
Ou melhor, deixa pra cá.
Bem perto, assim, batendo junto com meu..
..
..
..
..

quinta-feira, 30 de abril de 2009

A menor distância entre duas mentes…

é a palavra…

Esta frase não é minha, quem dera fosse...
Mas exatamente por sua genialidade estou dividindo-a com vocês

Encontrei no site do Programa de LOGOFONIA.

Meio termo, meio terno

Sei que você não percebe as porcentagens tão equilibradas

de mágoa e amor contidas em cada feixe de luz que sai destes meu olhos.

A luz poderia te iluminar ou te fulminar, sem que eu ou você pudéssemos

decidir exatamente por qual fração de segundo uma das forças superou.


Meu amor é proporcional ao mal que você me fez.

Que eu permiti que fizesse.


Mas ainda sim amor.

Um amor triste.

Não pela dor que se fez.

Mas por esvair-se em indiferença que é muito pior.

Um dia o olhar divido meio a meio,

irá simplesmente se mesclar,

em uma luz difusa e tão sombria que não irá clarear mais nada.


E quando não precisarmos mais nos importar com o que aconteceu.

Já que a memória irá selecionar períodos mais claros.

Seja de Amanheceres ou de trovões, de todo modo, iluminados.

Deixando o que é um meio termo, inerte e vagando por lembranças esquecidas...

Cuidado quando pedir qualquer coisa ao deuses.
O menor de seus problemas será ter seu pedido atendido de alguma forma.
O maior, ser exatamente como você pediu.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Considerações.

As pessoas tendem a achar estranho o meu silêncio.
De fato. A tristeza me cala.
Gosto de dividir alegrias.
Minhas tristezas ficam prezas em meus desabafos e nas palavras soltas que escrevo.

Falando ensandecidamente ou enlouquecendo em silêncio.
Não tenho muito meio termo.
Me falta a justa medida.

E que falta faz.
Que o digam meus amigos.
Meus próximos.
Até mesmo os alheios.

Nenhum oriental deve gostar lá muito de mim.
(ainda que eu louve a cultura)
Deve ser por isso que não gosto de comida japonesa...

Patético

Hey baby, se eu te chamar assim estarei te amando em inglês?
Provavelmente não.
Estarei apenas sendo patético.
Ok, sem problemas baby, amar é mesmo patético.

O que faz seu coração sair de compasso?
O que faz seus olhos brilharem?
O que faz suas mãos tremerem?
O que faz seu corpo vibrar?

Bobagens.


Antes a apatia?
A inércia?
A insensibilidade?

Talvez não.
Talvez eu queira realmente ser patético.
Te chamar de baby, ou qualquer outro apelido
extremamente vergonhoso aos ouvidos alheios
mas que te descompassa, te ilumina, te balança e te mexe.

Ver seu coração brilhar e seus olhos tremerem.
Sentir suas mãos vibrarem e seu corpo sair de compasso.

Ser seu compasso vibrante tremendo e brilhando.
Como qualquer estrela vermelha, explodindo em supernova.

E depois, voltar aos olhos dos alheios apenas sorrindo.
Confirmando estar patéticamente apaixonado.
Ainda que isso seja uma completa redundância.
Mas amantes e apaixonados são redundantes.
E mais uma vez, encantadoramente patéticos.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Marcado

Sei muito bem sobre as marcas que faço em meu corpo.
Muito mais complicado é lidar com as marcas que ficam gravadas na memória, cravadas.
As palavras que deveriam sair pelo outro ouvido, mas se estacionaram no meio do caminho.
As idéias que foram reprimidas e vagam fantasmagoricamente por minhas idéias levemente lúcidas.
Os sentimentos maltratados e mal curados que deixam marcas de vermelho líquido e roxo-azul profundo.
Essas ninguém vê, por isso não incomodam (aos outros), só incomodam à mim.
Assim, dói muito mais...

E assim, a dor do motorzinho nas minhas costas, não dói nada.
Assim, me distraio, e garanto mais uma marca.
Desta vez por opção.
Fazendo o caminho contrário.
Tentando tirar de dentro, as marcas que vieram de fora e marcando por fora o que penso por dentro.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Em cena: Encena (só texto)

Encena uma melodia de alma, corpo e espírito

com a clade (d) e o sol nascendo.


Assim...


Carrego meu próprio sol,

minha clave inteira de sóis,

porque sois todos tão simples

quanto uma sinfornia de uma nota só.

De uma nota sol...

Em cena: Encena


clique para ler

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Nem mais, nem menos

Não. Não. Não.

Tenta deixar como está.

Mas se você não está mais.

Eu posso entender.


O que me deixa confusa

E não saber o que você deixou.

Se é que ficou alguma coisa.

Se é que fixou alguma coisa.


Se nada passar.

Nem em branco.

Nem preto no branco,

Nem branco no preto.

Muito menos colorido.

Muito menos mais bonito.

Muito menos do que era.

Muito mais que poderia ser.

Muitas coisas que eu não disse.

Muitos sonhos que eu não contei.

Muitos amores que eu deixei.

Muitos males que não matei.

Muitas vozes que ouvi.


E agora todas elas estão me dizendo em coro

que eu deveria dormir...

e deixar, o que não está mais.

Nem mais, nem menos.

Sem mais, só menos.

Sem mais, nem menos.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Sentidos

Você não faz o menor sentido.

Então deve ser por isso que rouba os meus.

Eu sei que você sente muito.

E eu sinto muito por isso.

Não gosto de te ver assim, sentido, sentindo os meus sentidos.


Eu faço sentido. Produzo sentidos até demais.

(Eu sei que penso demais.)

Mas isso não significa que sinta de menos.

Sem ti minto, ás vezes.

Mas isso não é para ressentir.

É pra sentir uma vez só.

Porque é diferente.

Porque mesmo não tendo nenhum sentido, mexe com todos eles.

Sentir é não fazer os sentidos.

E não faz sentido algum mesmo.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Mal se quer...

Parei para pensar em você mais não consegui sair de mim.

Então parei de tentar e resolvi dormir

Ah, quanta surpresa! Insônia! Quem diria?

Eu só que queria não pensar, mas sei que você sabia.

Vi Órion fugir, vi escorpião se pôr em seguida

Sem fechar os olhos, fechada para a vida

Fechada para o amor, aberta a ferida

Escondendo a dor, desfolhando margaridas


Mal-me-quer do meu amor

Mal amor ou mal amada dor


Mal se quer enquanto for

Um mal qualquer do meu amor


Manda uma carta um email ou algo assim

O caminho não é feito de rosas, ainda que seja cor de carmim.

Que disse que seria fácil você me fazer feliz

Ainda que nem o tempo possa, ao menos me olha e diz

Diz que não foi bem assim que eu fico

Que eu juro que engulo o choro e minto

Juro que não falo as verdades que estão na garganta

Bem da verdade, com seus ouvidos tampados não adianta.

Mas se você resolver deixar tudo como está

Eu vou me embora e deixo a margarida secar

Não vou tentar ficar se você não se resolver

Quem sabe um dia eu volto se, Deus quiser


Só se DEUS quiser.

Por que assim eu não quero mais.

sexta-feira, 27 de março de 2009

Um lindo dia

Experimente ter um lindo dia.

Fazer alguma coisa diferente.

Mudar.

Você não precisa mudar de casa ou carro.

Na verdade, você nem ao menos precisa trocar de roupa!

Você precisa trocar de olhar.

Só isso.

Não tem uma receita pronta.

Mas se você quiser tentar algumas dicas:

Sei lá, comece com um sorriso.

Ahn, segundo passo: experimente fazer alguma gentileza.

Ah! E se puder dê um abraço bem apertado em alguém que você ama.

Deixe um bilhetinho escondido com uma declaração.

Faça qualquer coisa que não seja automática.

Acredite. Você vai ter um lindo dia.

E quando for dormir, aproveite para agradecer.

Pois essa sensação de estar bem é só o começo.

O bem estar contagia.

E é uma questão de vontade.

De BOA vontade.

domingo, 22 de março de 2009

Caminho

Estar bem antes de uma condição de espírito é principalmente uma decisão exclusivamente pessoal.
Não , não. Isso não é nenhum tipo de texto de auto ajuda.
(detesto livros de auto ajuda)

É apenas uma constatação.
O ser humano por natureza, tende a expurgar de si a responsabilidade da própria felicidade.
Será que é assim tão mais fácil culpar alguém das suas lágrimas que levantar a mão para enxugá-las?
Não que se faça isso por mal, tudo bem eu sei.
É mais uma questão de costume mesmo.
Um mal hábito.

Mas, tomar rédeas da própria vida é antes de mais nada penoso e saboroso em igual proporção.
Numa cruel proporção.
Mas inevitável...
Não que dar um sorriso possa de fato resolver todos os seus problemas.
Mas provavelmente, não vai criar mais nenhum.
Estar bem é simplesmente o primeiro estágio do habito adiquirido de ser feliz.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Simplesmente

Se te olho de lado, não é porque não tenho coragem de te encarar,
mas o amor não bate de frente.
Ele é sutil. Inocente em seus detalhes.
Simples em seus gestos
E arrebatador nos corações...

sexta-feira, 13 de março de 2009

Miscelânea

Filha de Loki com Hera
Neta de Gaia, aprendiz de Hathor
Vagando como NIX na Terra de Midgar
Espalhando contos de Amor

Meu pai não me fez asas
Talves por isso não me perdi
Minha mãe as tinha por natureza
E me guiou até aqui

Sou Quimera de sentimentos
Isis de persistência
Baco de loucura
Artemis de aparência

Meu olho é de moira
O mesmo de Odim
Que veio de Osiris
Herança pra mim

Para ver muito além
Das 7 portas de Tebas
Para enchergar os mistérios
Da esfinge de pedra

Sou afrodite, sou Walkiria
Sekhemet e Prometeu
Toda a infinidade dos múltiplos que se abrigam
Na cotidiana pessoa do EU

quarta-feira, 11 de março de 2009

Dona Moça

Não era uma vez, porque acontece sempre e nunca aconteceu.
E ela fez isso várias vezes...
Um belo dia Dona Moça, resolveu sair da janela.
Acordou e sem querer pisou com o pé esquerdo.
Resolveu usar sapatos diferentes,
vestiu uma,duas, três, quatro cores novas.
Pendurou delicadamente um sorriso no colar e pintou o rosto de alegria.
Trancou a porta e pulou a janela.
Cortou, pintou, coloriu, descoloriu e balançou os cabelos.
Desgrenhou-os meticulosamente.
Andou pelo outro lado da rua, deu a volta no quarteirão,
andou a pé, vendo detalhes.
Comeu frutas na hora do almoço, primeiro sobremesa depois a refeição.
Foi a biblioteca, tocou os livros, leu as placas, foi-se por outra saída, subiu em uma árvore e viu o sol mergulhar.
Deitou-se do outro lado e dormiu quase sem querer.
Foi um dia daqueles, não destes.
No outro dia acordou e pisou com o pé direito no chão agora frio.
E tudo voltou ao que era, mas nunca seria a mesma coisa...

domingo, 8 de março de 2009

Insano, insone e ligeiramente reticente... ou não.

As vezes agente se solta.

Por querer ou não.
Faz algumas coisas diferentes...
Sai um pouco dos padrões...
E assusta todas as pessoas que se dizem normais.

Não dorme...
Se perde um pouco nos pensamentos, nas filosofias, nos devaneios, tão naturais...

“Mas a verdade é que os outros é que decidem quando você está louco”
Ouvi isto por obrigação, mas parece fazer sentido...

Quando a gente sente que está surtando. Já foi.
Quando a gente percebe que está surtando. Já era.

Ser estranho é aceitável.
Ser esquisito não.

Mas eu sempre gostei mais dos mais lunáticos.
Eles são mais divertidos.
Mais parecidos comigo...

sexta-feira, 6 de março de 2009

Paisagem

Que olhos são esse que eu procuro perdidos na cidade?
Olhos de verdade.
Gosto de pessoas de verdade.
Pessoas com defeitos.
Pessoas que falam e mostram seus defeitos.
Com ou sem; culpa, remorso ou vergonha deles.

Pessoas que falam de verdade.
Suficientemente corajosas para serem sinceras quando o assunto são elas mesmas.
Livres como as ruas da capital em pleno carnaval e alegres como as do interior.
Tudo entre as montanhas, entre confidências.

Pessoas com sentimentos de verdade.
Com medos, aflições, impotências... prepotências.
Os que não se importam em parecer idiotas,
(não os que o são de fato)
Ah, esses me divertem.
Gastam menos tempo com opiniões alheias, quase sempre destrutivas.
Soltam gargalhadas como cachoeiras, riem como a lua nova.
E olham com o brilho de uma estrela em supernova.

Os simples são como a brisa, indispensáveis, ainda que menos notados.
Menos citados.

Todos eles compondo o cenário natural. Real.
Comuns demais para serem notados.
Para serem percebidos na correria do dia-a-dia

quarta-feira, 4 de março de 2009

Esconde-esconde

Pensei em algo que pudesse escrever.
Nada me ocorreu.
Cada palavra correu.

Foram se esconder.
Estamos brincando de pique.
E está na minha vez se contar.

1, 2, 3, 4, 5, 6, 7...

terça-feira, 3 de março de 2009

Leveza

É, tenho andado cada vez mais leve.
E isso é bom, já que significa que meus pensamentos estão pesando menos.
Acho que ando deixando minha consciência em casa. Um dia ou outro não faz mal.
Pelo contrário, faz um bem enorme para as costas.
Como diria Ferson: " Dá licença consciência, que você está me atrapalhando."

Sem o peso extra dos mal entendidos e das mágoas, consegue-se ir mais longe.
Subir mais alto. O peso costuma incomodar.
Más línguas. Outra coisa que pesa absurdamente.
Não entendo como tem gente que exercita algumas tão grandes.
As costas devem doer muito.

O fato é que a gente vai vivendo.
Vai se acostumando a pensar demais e fazer de menos.
Vai fazendo contas de matemática antes de dormir para não pensar.
Ou só deixar de pensar mesmo.
Pensar demais não é bom na verdade.
Equações de 2º grau, às 3:00 da manha não são muito divertidas.
Principalmente pra quem é do lado das palavras.

Pensar menos liberta e costuma fazer bem mesmo.
As pessoas se defendem melhor com a verdade. Creio eu. Pelo menos eu.
Não é preciso pensar muito pra falar a verdade.
Na verdade, a verdade de verdade costuma sair quando a gente fala sem querer.
Sem pensar.

Mentir dá mais trabalho.
Exige mais pensamento pra não ser pego na mentira.
Então não é melhor falar a verdade?
É uma questão de usar a lei do menor esforço!
E somos tão bons nisso!

E não pense você que nestes meus contínuos elogios à verdade, estou de alguma forma insinuando que não minto.
Sou humana demais pra isso.
Quem me dera...
Se não mentisse alcançaria a leveza necessária para voar.
Mas quem sabe um dia consigamos retirar peso suficiente das costas para ao menos tirar os pés do chão.
A cada milímetro a vista deve ficar infinitamente mais bonita...
Nem que seja pela leveza dos próprios olhos.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Dia

Hoje o dia é vermelho
Mas eu vi tudo muito azul
Desisti de olhar no espelho
Eu tava de só mais um

Passei trinco no portão
Ninguém perguntou por mim
Se alguém bateu na porta
Não fiz questão de ouvir

Tinha tanta gente falando
No silêncio do meu quarto
Eu sentada em um canto
Com um vinho barato

A vista da janela
Me contou que tinha sol
Não fazia diferença
Mal do resto antes só

Falei com a tv
Ouvi a batedeira
Discuti com o dvd
Bati na lavadeira


Acho que to meio cansada
Acho melhor eu ir pra casa
Deixar qualquer verso calar
Deixar pra lá

Talvez amanha eu acorde bem
Mas é que hoje eu vou de zero a cem
E pra não bater,
Pra não te bater, eu vou me recolher...

Eu to louca?
O resto revirou?
Não to bem certa de nada.
É terapia do caos,
Ou só uma ressaca...

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Algumas justificativas...

Tenho 21 anos, estudo publicidade e propaganda e quero ser redatora.
Daí a importância comercial do meu exercício de escrever.
Meu professor Mayrink, disse que eu tenho que praticar todos os dias, escrever sempre.
Portanto, farei o possível para escrever alguma coisa religiosamente todos os dias.( Criação e linguagem publicitária, é um dos blogs que acompanho)

Tenho 21 anos adoro música, poesia e palavras em geral, sou muito crítica e tenho uma necessidade visceral de me expressar.
Daí a importância pessoal. É ter este espaço vermelho, que mostre um pouco de mim, dos meus gostos, dos meus pensamentos, das minhas duvidas transcritas nas palavras, pois pra mim, escrever estes textos é meu exercício de pensar. Pensar a vida, pensar eu mesma, pensar as coisas, sintetizar os sentimentos para entendê-los melhor.
Em fim, escrever para suprir esta necessidade de expressão.

Como faz parte de um aprendizado (que sei eu eterno)
Todas as criticas são bem vindas.
Sinta-se a vontade

Bem vindo aos meus versos vermelho.
Espero que goste.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Aporia

Atravesso a linha tênue entre a consciência e o desespero.
A corda bamba de Ariadne.
Mas tão delgada quanto os fios de Dédalos.
Se fosse Ismália também pularia mas moro no térreo.
Por sorte ou azar.

Nem sei bem o que estou falando
E o pior, tenho a calma sensação de que não necessito sabê-lo
É mais cômodo na verdade.
(Até mesmo pra você.)

As ruas foram ficando mais largas.
Até se tornarem avenidas. Grandes avenidas sem passarelas.
(Sempre gostei de passarelas.)
Cada um na sua calçada.
Olhando pra frente.

Não choveu.
Agora chove. Forte.
Deixei o guarda chuva em casa.
Não que ele pese mais que meus pensamentos. Mas eles eu não perco de vista.
É um trabalho a menos.
(Nunca gostei de guarda- chuvas.)
E tomar chuva é bom.

Só não gosto de não ver a lua.
(Gosto tanto da lua!)
As estrelas fazem menos falta
Porque fazem mais companhia?
Sentimos mais falta do que temos por menos tempo?
Talvez, só do que não temos controle.
E não adianta pôr nome. O trabalho é vão.
Ainda assim não se controla. Nem SE controla.
Então deixa estar.

Vou pra casa fazer minhas asas.
Seja Ícaro ou Ismália.
Quando eu levantar voô.
Tome o destino que tomar.
Nunca mais volto ao chão.

sábado, 24 de janeiro de 2009

Pequeno exercício de escrever (isso não é um título)

As palavras têm vida própria.

As minhas ao menos têm.
Elas me vêm quando querem.
Quando deveria dormir enquanto o dia se vai e eu acabo vendo o outro chegar na companhia delas.
Quando deveria comer e elas ocupam minha boca e também as mãos.
Quando deveria chegar no horário e elas resolvem passear pelas ruas, para que eu tenha que catá-las.

É, queria poder dizer que as palavras são meu instrumento.
Mas a verdade há de ser dita.
São elas que me divertem, que me acalmam.
Que desabafam as dores que sinto. Que sinto uma, duas ou três vezes.

Nos partos absolutamente normais(ao menos pra mim) que ocorrem na rua quando elas rodam em minha mente e saltam da minha boca junto à um riso a custo contido, em meios à olhares pasmos e outros sorrisos nem sempre contidos de sarcasmo dos que passam.

Por isso não brinco com elas. Elas sim, brincam, e muito, comigo.
Esperam até às vésperas da entrega para aparecer.E quando tento forçar, elas parecem rir de mim e num jogo perverso de esconde-esconde ou na melhor das hipóteses pega-pega.

Por isso escrevo quando elas querem, quando elas resolvem se mostrar, quando elas querem sair para dançar, bem quando ELAS querem.

Ainda assim, escrevo.

Porque é fantástico ver como elas se arranjam e se rearranjam para dizer as coisas que não conseguimos falar, para explicar os pensamentos mais estranhos, para consentir o que desejamos, para sorrir aos que escutam, para acariciar os que lêem, para tentar saciar os que escrevem.

Sincero (Na real)

Qual é a dificuldade de entender que eu prefiro a verdade?
Se me pensa sincera, deverias me dar em troca.
Se mal educada, deverias me dar o troco!

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

16 de Janeiro

As pessoas andam por aí, todas correndo, todas atrasadas
Ou simplesmente tentando aproveitar melhor o tempo.
O pouco tempo.

Todos com seus fones de ouvido, ouvindo suas próprias músicas.
Perdidos em seus próprios pensamentos. Soltos.
Amarrados na rotina.

Distraídos demais pra perceber o que vê essa menina
Distraída, atrasada ou simplesmente
tentando aproveitar melhor o tempo.
O pouco tempo que nos resta enquanto o sono não chega.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Virtual

O que escrevo nada mais é do que sinto.

Mesmo que sinta de propósito para escrever.



Embrulho as palavras nas minhas referencias.

Potencializo sentimentos em figuras de linguagem.

Minimizo a dor em eufemismos...

E assim surgem textos, poemas, músicas...

Apenas as obras dos meus devaneios...

Compor é virtual.

(Não se opõe ao real, mas ao atual, como diria Levy)

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Eternidades...

"E então houve um prenúncio de eternidade. Um prenúncio falso, mentiroso, mas atraente demais para ser recusado..." J. A. C. Filho. Olhem o blog deste menino, os textos dele são fantásticos! http://juvenal.filho.zip.net/

Eternidades... (só texto)

A noite foi longa, imensa.
Tanto quanto a eternidade, que não veio...
A ausência de luz, liberta o que provoca a ausência de amor.
O tempo demora mais pra quem espera.
O engodo é tão doce que agrada ao paladar de forma tal que sacia todos os sentidos sob os auspícios de eternidade.
Por isso se espera. Por isso se crê.
Mesmo sabendo que é uma artimanha do superego, para mascarar o que o id já sabe, e que o ego também não quer ver. O pior cego...
A verdade dói, mas dá armas. A claridade mostra o oponível.
A mentira, ou a omissão cria um caminho de brumas, que esconde espinhos dolorosos.
O golpe vem de onde menos se espera, é sempre pelas costas. Mesmo que não seja essa a intenção do outro. Mas de um jeito ou de outro, sempre será o outro. Narciso não é exatamente ruim, mas Eco não pensa assim.
O punhal não é mal, não tem natureza própria. Mas ainda assim o cuidado cabe à quem lida. Não é intenção dele cortar, mas corta. Todo punhal tem uma bainha de beleza proporcional ao fio . A responsabilidade é de quem afia, nem mesmo o fio é eterno.
Jura-se eternidades na cerração vermelha de cortes, mantém se estática, sentindo o prenúncio de chuva, Chuva salgada. Que lava a lâmina, os cortes, limpa o céu e traz de volta a claridade, não eternamente. Mas eterno é algo que não se quer que acabe. É o que avaliza o amor medroso. É a promessa que tenta acalmar o medo. Mas também acaba, eterno é o que não tem prazo, apenas isso. Apenas como se fosse pouco. Algumas eternidades duram anos, outras segundos, mas sempre acabam, tudo acaba.
Todo amor acaba mal, mas o sentimento se esvai com as lágrimas.