As palavras têm vida própria.
As minhas ao menos têm.
Elas me vêm quando querem.
Quando deveria dormir enquanto o dia se vai e eu acabo vendo o outro chegar na companhia delas.
Quando deveria comer e elas ocupam minha boca e também as mãos.
Quando deveria chegar no horário e elas resolvem passear pelas ruas, para que eu tenha que catá-las.
É, queria poder dizer que as palavras são meu instrumento.
Mas a verdade há de ser dita.
São elas que me divertem, que me acalmam.
Que desabafam as dores que sinto. Que sinto uma, duas ou três vezes.
Nos partos absolutamente normais(ao menos pra mim) que ocorrem na rua quando elas rodam em minha mente e saltam da minha boca junto à um riso a custo contido, em meios à olhares pasmos e outros sorrisos nem sempre contidos de sarcasmo dos que passam.
Por isso não brinco com elas. Elas sim, brincam, e muito, comigo.
Esperam até às vésperas da entrega para aparecer.E quando tento forçar, elas parecem rir de mim e num jogo perverso de esconde-esconde ou na melhor das hipóteses pega-pega.
Por isso escrevo quando elas querem, quando elas resolvem se mostrar, quando elas querem sair para dançar, bem quando ELAS querem.
Ainda assim, escrevo.
Porque é fantástico ver como elas se arranjam e se rearranjam para dizer as coisas que não conseguimos falar, para explicar os pensamentos mais estranhos, para consentir o que desejamos, para sorrir aos que escutam, para acariciar os que lêem, para tentar saciar os que escrevem.
sábado, 24 de janeiro de 2009
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