domingo, 28 de novembro de 2010

Atualização

Sinto falta do tempo, mas acho que ele não se sente da mesma forma.
É triste e frio dizer que o tempo passa mais depressa. Na verdade é desesperador ver os momentos se lançando ao abismo da memória cada vez mais recente.
Tudo é para agora. É tudo para agora. Tudo ao mesmo tempo e agora.
Nem mesmo a ansiedade que vive em mim suporta este F5 constante.
Reverso, creio que não. Mas suponho que minimizável. Como uma janela.

Então, natural e lentamente, vou voltar para minha timeline.

domingo, 29 de agosto de 2010

Pintura

Para quem tem a sorte(?) de sonhar colorido.
O mundo acorda branco.
Tela limpa, disponível. Constituída de possibilidades e renúncias.
Regada a ansiedade e a angústia que permeiam uma folha vazia.

Sem fecho os olhos, carnaval.
Se abro, quaresma.

Há dias em que carrego no laranja,
Saudável, vitaminada, energética e jovem.
Outros, peso no lilás e continuo fantasia e sonho.
Há ainda, os que me escondo no azul.
Solidão high tech em código binário.
Mais quase sempre amanheço berrante (Brilhando mais forte)
Gritando em vermelho, ainda que infra,invisível.
Quente, atrevida, ideológica, instável.

Por dentro, paixão.
Por fora, cinzas.

Mas é fato que minha palheta só fica completa quando suas cores completam minhas curvas.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Luzia

Já era manhã quando ela saiu de lá.
Os olhos pintados de alegrias, e as mãos cheias.
Sabe Deus de quê, mas é sempre bastante para quem tem as mãos vazias.

Não é nada simples ser sozinha.
Principalmente quando não é só.
A vida não é muito fácil pra quem tem uma penca de filhos e meia dúzia de dinheiros.

Se o sorriso valesse centavo, estaria rica. (pena que não vale)
Tinha sonhos. Alguns carregava na bolsa e vinha contando pelo caminho.
Ônibus lotado num é coisa fácil de agüentar não.
Principalmente para quem carrega o mundo nas costas e mais uma boca no colo.

Mas se fosse para desistir já teria deixado.
O tempo já calejou as esperanças.
Todos elas gastas de tanto pensar.

Mas ela pensa. Sonha. E espera...
E é exatamente por isso que o país inteiro ainda se move. Anda.
Sabe Deus para onde.

Ao menos ele sabe.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

A atriz

Foi outro dia (era dia mesmo) que eu decidi, que o pão não bastava.
Que aquele outro espelho que andava sozinho, já não me encarava.
Eu me fazia multidão, pra deixar de ser só.
Eu me perdia em meio milhão pra tentar ser meio inteira.

E é cada coisa, que a vida dá.
E é cada sonho que a vida toma.
Que o amor resolveu não sobrar.

Faz algum tempo (faz tempo mesmo) que eu pensei que o sorriso bastava.
Que o resto era salto, cetim, nós e pulsos. Queda livre, asfalto e calçada.
Eu era sim. E o resto não.
Eu teimava: sim. E a vida, não
Por fim (ah! Era mesmo o fim) restou a multidão...

E eu era só. E era só um papel de solidão...

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Decolagem

Estou cheia de sentimentos alados.
Aquela coisa boa se sentir sabe?
Quando se nega todos os problemas ou quando estranhamente está tudo bem.
Na verdade estranho é essa mania que a gente tem de achar que se está tudo certo, há algo errado.
Ou de achar algo errado no que está tudo certo.

E é nessa alegria de levar a vida, de abandonar a gangorra que eu estou deixando meus pés sair do chão...
Porque melhor que a realização é contemplar o cenário aberto a frente.
Finalmente (que não é fim) é hora de levantar vôo.

domingo, 11 de julho de 2010

Carrossel


Pois que após uma longa ausência estou de volta.
E pretendo ficar por aqui.
Pois a familiaridade e o aconhego desta vida em vermelho é tão quente quanto a cor sugere.



E então, por fim acabou.
Não que tudo tenha sido rosas.
Mas o monocromático seria realmente monótono.
Talvez, exaltar a diferença seja um, belíssimo, eufemismo.
Talvez, seja uma, realmente bela, constatação.
Mas é fato que nada foi cinza.
Nem mesmo as manhãs de prova, as noites viradas ou as tardes de churrascos perdidos.

As cores estavam ali, sempre, o tempo todo.
Fosse nos semitons de cada grupinho, na calmaria azul do Robertson ou no vermelho berrante da Glória.
E com a beleza de um vitral, a formatura, a beleza do conjunto que parte da individualidade, dos pedaços.
Pedaços coloridos.

E agora a gente vai pelo mundo.
Levando alguns no bolso, sempre à mão. Outros a gente encontra pelo caminho. E alguns a gente deixa para trás.
Porque a vida é isso mesmo, são estações e portos, pontos.
E ponto.
Nem tudo a gente leva.
O que a gente guarda são as lembranças,
E se nem todos sonham colorido, ao menos temos a certeza dessas memórias furta cor.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Simplificado - Fernando Anitelli

Tenho um coração feliz, exultante!
Não que não o tivesse em tempos mais remotos.
Mas a felicidade de agora está pintada de amor, orgulho, carinho, admiração e uma satisfação imensa.
Meu blog foi apresentado a um artista que me encanta com o que faz.
Sem dúvida o Teatro Mágico fala muito próximo ao meu coração.
E é com todos os meus bons sentimentos à máxima potência que eu tenho a honra de ter um poema de minha autoria declamado por Fernando Anitelli:





o imprevisto, a coincidência
a conversa, a cortesia
o assunto e o beijo

o pensamento, o contato
o abraço, a confidencia
a noite e o sentimento

a confissão, a dúvida,
a coragem, a declaração
o suspiro e o amor

a dor, o medo
a dificuldade, o desespero
a esperança e a alegria

o sorriso, a cumplicidade
o plano, a felicidade
a vida e a eternidade







O presente foi obra do meu Amor, uma pessoa incrível que eu tenho em minha vida e que teve a oportunidade de conhecer o Fernando e o apresentou ao meu blog.
Além de rosas, me trouxe um outro texto, Antiorário, com palavras lindas e me fez esta declaração surpresa perfeita. O texto conta a nossa história, de um modo Simplificado.

Justificativas

Havia algum tempo que desejava dar explicações sobre a minha ausência.
Em tempos de formatura, todos os papéis sociais se vão,ficam apenas os dedos e destino certo deles: teclas e mais teclas.

Atualmente, sou apenas formanda.
Formanda offline... da minha própria vida.

quarta-feira, 3 de março de 2010

O mouro

Tintas salgadas, papéis confusos e envelopes lacrados. Sem remetente ou destinatário.
Apenas títulos. Mas cartas não tem títulos. Somente datas.

Códigos mal escritos, versos mal rabiscados, cálculos mal feitos.
E o resultado é sempre a dúvida.

Quando a variável varia demais, fica tudo avariado. Virado.

Mas também, tudo o que consuma a perfeição, acaba.
Se consome em perfeição, acaba.
Some com.

E o que vai vira lembrança.
E as lembranças são sempre mais perfeitas que as pessoas.

E então,
O que está escrito é contrato.
O que está nos sonhos é futuro.
O que está no pensamento é verdade.
O que está na alma é o que realmente importa.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

A caminho

Com mais alguns verões talvez eu aprenda o que é necessário nessa vida.
Não seria preciso dizer que nada sei.
Mas é a redundância da afirmação que me inunda os sentidos e me lembra todo o tempo que é preciso aprender.

Em vida, talvez nada mais devesse pedir que curiosidade.
A agradável agonia da inquietação.

Saber mais, saber algo, para entender que tudo isso é saber nada.
E que o conhecimento não é algo que se possa extrair dos livros e guardar na cabeça.
Conhecimento é movimento, é mutação, é a adaptação da empiria em resultados que, com sorte, nunca serão satisfatórios.

Bem dita (e bem amada) minha mãe que me pôs de pé.
Bem dita (e bem escrita) professora que me ensinou a andar.
Bem dita (e bem andada) a estrada que eu vejo daqui.

Porque é com mais um pé a frente que eu sinto deliciosa angústia de ver o imenso caminho que há adiante.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Presente

Por um feliz engano, ganhei um lindo presente de aniversário adiantado.
Estas são as lindas palavras que ganhei de presente deste bardo amigo, publicado em seu blog. Que encantaram meu coração e me encheram de felicidade, afinal de contas, antes de tudo ele é uma referência pra mim e, em grande parcela, responsável pela criação deste blog.

Amigo, muito obrigada.
Pelas palavras, pela amizade, pelo carinho, pela inspiração...
(deixo sem e e nem ponto para não restringir minha eterna gratidão.)



Os anos passados pelos seus olhos pareceram um tanto delicados naquela manhã. Acordara cedo, como de costume, fizera suas obrigações femininas de higiene e beleza num torpor meio ansioso, diferente do café com leite de toda manhã.

Sentia-se feliz, como que controlando o mundo num sonho que saía todo ano de uma gaveta (essa analogia era engraçada, afinal, a gaveta sempre escondia seu conteúdo, preservando seu encanto à custa de seu mistério).

Mas aceitava seu sonho de todo ano, tinha em cada um deles um bocado de esperança que crescia até virar felicidade e se ajuntar com os outros tantos pedacinhos que preferia guardar no diminutivo com ternura.

A manhã, de seu lado, parecia diferente, estava diferente. A luz de sol de todo dia não era de todo dia. Parecia ter sido arrebatada de uma tediosa continuidade para se prender naquele instante, aceitando a beleza em troca de perder eternidade.

Sim, viera disfarçada de muitas cores, de muitos lugares, mas sua alma estava rubra, quente ainda da vida do grande astro de cujo seio se deixara libertar...

Num dia em que até a manhã aceita mudar de cor, resolveu encontrar sua sina, sua cor (repetição necessária), seu pedaço de mundo, terra pequena, mas amável, de pequeno príncipe que se afasta a todo instante para se encantar de poente.

Entretanto era palavra, acima de tudo, palavra...

Não havia pedaço grande de mundo que lhe fizesse trocar a palavra em sua alma por qualquer silêncio de se fazer notar, sabia disso, souberam disso...

A pergunta do “quem” pareceu instantaneamente boba e traquina, pegaria os leitores desatentos de surpresa, inclusive aquela manhã, que brilhava perdida por um instante sem saber o que fazer.

Era essa sua terra, descoberta de seu pedaço de qualquer coisa. Era feito de letras coloridas que por vezes tomavam forma, deixando aquela impressão de presença forte, embora simples, no silêncio de quem se calava, e ouvia...

E era preciso fazer cotidiano, todo dia, como luz de sol amarela, anêmica de amanhã-de-novo... Riu dessa bobagem. Sabia que pensara uma bobagem e sabia que sua bobagem era o fim da poeira amarelada naquele dia.

Sua sonolência persistia. Gostava dela, era a canção de ninar que vinha de vez em quando, embalando o dia para viagem num papel de padaria. Essa manhã, entretanto, estava agitada, a sonolência, pedindo um pedacinho de igualdade...

Foi acordando, sonhando e não sonhando com o tempo, o mundo, a infância, os pedaços de artista que guardava desde sempre. Pensou em fazer algo, algo que já fizera, algo que fazia, algo que era...

De olhos ainda semi-abertos, buscou nos cantos de memória um pedaço de papel com toco de lápis e assumiu de vez aquele único “sempre” que aceitava, o cotidiano que lhe cabia, o todo-dia-de-novo-diferente daquela e de todas as manhãs.

Pôs-se a escrever, não havia esforço naquela folha. As palavras saíram leves, soltas e pintaram, sem o esmero mentiroso de apresentação de chefe, o seu pedaço de chão: “versos em vermelho”.



*Feliz aniversário moça, que as encantadoras rosas de seu jardim continuem brilhando, e que o brilho infinito de suas palavras se perpetue no tempo..
Juvenal Antônio

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Simplificado

o imprevisto, a coincidência
a conversa, a cortesia
o assunto e o beijo

o pensamento, o contato
o abraço, a confidencia
a noite e o sentimento

a confissão, a dúvida,
a coragem, a declaração
o suspiro e o amor

a dor, o medo
a dificuldade, o desespero
a esperança e a alegria

o sorriso, a cumplicidade
o plano, a felicidade
a vida e a eternidade

Fuga

Foge amor
Foge da tristeza
Foge do olho amuado
Foge da boca aguada
Foge da angústia da falta
Foge da ânsia pela presença

Pula cerca, dobra a esquina,
Corre ruas toda a vida e chega brisa.

Faz do carinho um sem fronteira,
Porque amor é muito sentimento para caber em um coração só.