Minha avó faleceu há quase 2 anos. É até estranho pensar que
só faz este tempo porque a falta é tão grande que parece muito mais.
Sinto falta da minha velha. Muita falta.
Me lembro dela quase todos os dias. Choro de saudade vários
deles.
Nem sempre nos entendíamos muito bem, sei que esta minha
teimosia é genética e tive bem de onde puxar. Mas felizmente, esta não foi a
única coisa que herdei nem que aprendi com ela.
Volta e meia solto uma palavra bem antiga e fora do contexto
atual e as pessoas me olham tentando entender porque eu digo que algo é”
lustroso”,ou que “não devo nem obrigação “, ou ainda que “quem não ouve
conselho, ouve coitado”.
Elas não sabem que eu pude crescer com uma pessoa
maravilhosa para me explicar todas as estas coisas e mais que namorados podem
ser passatempos e que maridos podem ser trocados se o casamento não der certo.
Que o importante mesmo é a gente dar valor a si mesmo e ser feliz. Que apesar
de tudo, mesmo da saúde frágil, da dor constante e da vida difícil, você
precisa seguir em frente dizer “Eu sou feliz”.
No último natal, com a família reunida, ela fez ainda mais
falta. Fiquei imaginando o quanto ela iria rir e se divertir com aquela gente
maluca. Como ela iria gostar dos cabelos arrumados, das unhas pintadas e das
roupas novas de nodas as netas. E de como ela iria, gentilmente, nos repreender
por dançar daquele jeito, dizendo que o mundo está mudado mesmo e que hoje tudo
tá moda.
Sei que a saudade vai ficar, mas o que me conforta é saber
que aproveitei ela por um bom tempo, que fiz tudo o que podia para minimizar
seu sofrimento, que pude me despedir dela e que além das lembranças, ela me
deixou muitas lições de vida, que eu nunca vou esquecer.