sábado, 24 de janeiro de 2009

Pequeno exercício de escrever (isso não é um título)

As palavras têm vida própria.

As minhas ao menos têm.
Elas me vêm quando querem.
Quando deveria dormir enquanto o dia se vai e eu acabo vendo o outro chegar na companhia delas.
Quando deveria comer e elas ocupam minha boca e também as mãos.
Quando deveria chegar no horário e elas resolvem passear pelas ruas, para que eu tenha que catá-las.

É, queria poder dizer que as palavras são meu instrumento.
Mas a verdade há de ser dita.
São elas que me divertem, que me acalmam.
Que desabafam as dores que sinto. Que sinto uma, duas ou três vezes.

Nos partos absolutamente normais(ao menos pra mim) que ocorrem na rua quando elas rodam em minha mente e saltam da minha boca junto à um riso a custo contido, em meios à olhares pasmos e outros sorrisos nem sempre contidos de sarcasmo dos que passam.

Por isso não brinco com elas. Elas sim, brincam, e muito, comigo.
Esperam até às vésperas da entrega para aparecer.E quando tento forçar, elas parecem rir de mim e num jogo perverso de esconde-esconde ou na melhor das hipóteses pega-pega.

Por isso escrevo quando elas querem, quando elas resolvem se mostrar, quando elas querem sair para dançar, bem quando ELAS querem.

Ainda assim, escrevo.

Porque é fantástico ver como elas se arranjam e se rearranjam para dizer as coisas que não conseguimos falar, para explicar os pensamentos mais estranhos, para consentir o que desejamos, para sorrir aos que escutam, para acariciar os que lêem, para tentar saciar os que escrevem.

Sincero (Na real)

Qual é a dificuldade de entender que eu prefiro a verdade?
Se me pensa sincera, deverias me dar em troca.
Se mal educada, deverias me dar o troco!

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

16 de Janeiro

As pessoas andam por aí, todas correndo, todas atrasadas
Ou simplesmente tentando aproveitar melhor o tempo.
O pouco tempo.

Todos com seus fones de ouvido, ouvindo suas próprias músicas.
Perdidos em seus próprios pensamentos. Soltos.
Amarrados na rotina.

Distraídos demais pra perceber o que vê essa menina
Distraída, atrasada ou simplesmente
tentando aproveitar melhor o tempo.
O pouco tempo que nos resta enquanto o sono não chega.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Virtual

O que escrevo nada mais é do que sinto.

Mesmo que sinta de propósito para escrever.



Embrulho as palavras nas minhas referencias.

Potencializo sentimentos em figuras de linguagem.

Minimizo a dor em eufemismos...

E assim surgem textos, poemas, músicas...

Apenas as obras dos meus devaneios...

Compor é virtual.

(Não se opõe ao real, mas ao atual, como diria Levy)

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Eternidades...

"E então houve um prenúncio de eternidade. Um prenúncio falso, mentiroso, mas atraente demais para ser recusado..." J. A. C. Filho. Olhem o blog deste menino, os textos dele são fantásticos! http://juvenal.filho.zip.net/

Eternidades... (só texto)

A noite foi longa, imensa.
Tanto quanto a eternidade, que não veio...
A ausência de luz, liberta o que provoca a ausência de amor.
O tempo demora mais pra quem espera.
O engodo é tão doce que agrada ao paladar de forma tal que sacia todos os sentidos sob os auspícios de eternidade.
Por isso se espera. Por isso se crê.
Mesmo sabendo que é uma artimanha do superego, para mascarar o que o id já sabe, e que o ego também não quer ver. O pior cego...
A verdade dói, mas dá armas. A claridade mostra o oponível.
A mentira, ou a omissão cria um caminho de brumas, que esconde espinhos dolorosos.
O golpe vem de onde menos se espera, é sempre pelas costas. Mesmo que não seja essa a intenção do outro. Mas de um jeito ou de outro, sempre será o outro. Narciso não é exatamente ruim, mas Eco não pensa assim.
O punhal não é mal, não tem natureza própria. Mas ainda assim o cuidado cabe à quem lida. Não é intenção dele cortar, mas corta. Todo punhal tem uma bainha de beleza proporcional ao fio . A responsabilidade é de quem afia, nem mesmo o fio é eterno.
Jura-se eternidades na cerração vermelha de cortes, mantém se estática, sentindo o prenúncio de chuva, Chuva salgada. Que lava a lâmina, os cortes, limpa o céu e traz de volta a claridade, não eternamente. Mas eterno é algo que não se quer que acabe. É o que avaliza o amor medroso. É a promessa que tenta acalmar o medo. Mas também acaba, eterno é o que não tem prazo, apenas isso. Apenas como se fosse pouco. Algumas eternidades duram anos, outras segundos, mas sempre acabam, tudo acaba.
Todo amor acaba mal, mas o sentimento se esvai com as lágrimas.