sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Presente

Por um feliz engano, ganhei um lindo presente de aniversário adiantado.
Estas são as lindas palavras que ganhei de presente deste bardo amigo, publicado em seu blog. Que encantaram meu coração e me encheram de felicidade, afinal de contas, antes de tudo ele é uma referência pra mim e, em grande parcela, responsável pela criação deste blog.

Amigo, muito obrigada.
Pelas palavras, pela amizade, pelo carinho, pela inspiração...
(deixo sem e e nem ponto para não restringir minha eterna gratidão.)



Os anos passados pelos seus olhos pareceram um tanto delicados naquela manhã. Acordara cedo, como de costume, fizera suas obrigações femininas de higiene e beleza num torpor meio ansioso, diferente do café com leite de toda manhã.

Sentia-se feliz, como que controlando o mundo num sonho que saía todo ano de uma gaveta (essa analogia era engraçada, afinal, a gaveta sempre escondia seu conteúdo, preservando seu encanto à custa de seu mistério).

Mas aceitava seu sonho de todo ano, tinha em cada um deles um bocado de esperança que crescia até virar felicidade e se ajuntar com os outros tantos pedacinhos que preferia guardar no diminutivo com ternura.

A manhã, de seu lado, parecia diferente, estava diferente. A luz de sol de todo dia não era de todo dia. Parecia ter sido arrebatada de uma tediosa continuidade para se prender naquele instante, aceitando a beleza em troca de perder eternidade.

Sim, viera disfarçada de muitas cores, de muitos lugares, mas sua alma estava rubra, quente ainda da vida do grande astro de cujo seio se deixara libertar...

Num dia em que até a manhã aceita mudar de cor, resolveu encontrar sua sina, sua cor (repetição necessária), seu pedaço de mundo, terra pequena, mas amável, de pequeno príncipe que se afasta a todo instante para se encantar de poente.

Entretanto era palavra, acima de tudo, palavra...

Não havia pedaço grande de mundo que lhe fizesse trocar a palavra em sua alma por qualquer silêncio de se fazer notar, sabia disso, souberam disso...

A pergunta do “quem” pareceu instantaneamente boba e traquina, pegaria os leitores desatentos de surpresa, inclusive aquela manhã, que brilhava perdida por um instante sem saber o que fazer.

Era essa sua terra, descoberta de seu pedaço de qualquer coisa. Era feito de letras coloridas que por vezes tomavam forma, deixando aquela impressão de presença forte, embora simples, no silêncio de quem se calava, e ouvia...

E era preciso fazer cotidiano, todo dia, como luz de sol amarela, anêmica de amanhã-de-novo... Riu dessa bobagem. Sabia que pensara uma bobagem e sabia que sua bobagem era o fim da poeira amarelada naquele dia.

Sua sonolência persistia. Gostava dela, era a canção de ninar que vinha de vez em quando, embalando o dia para viagem num papel de padaria. Essa manhã, entretanto, estava agitada, a sonolência, pedindo um pedacinho de igualdade...

Foi acordando, sonhando e não sonhando com o tempo, o mundo, a infância, os pedaços de artista que guardava desde sempre. Pensou em fazer algo, algo que já fizera, algo que fazia, algo que era...

De olhos ainda semi-abertos, buscou nos cantos de memória um pedaço de papel com toco de lápis e assumiu de vez aquele único “sempre” que aceitava, o cotidiano que lhe cabia, o todo-dia-de-novo-diferente daquela e de todas as manhãs.

Pôs-se a escrever, não havia esforço naquela folha. As palavras saíram leves, soltas e pintaram, sem o esmero mentiroso de apresentação de chefe, o seu pedaço de chão: “versos em vermelho”.



*Feliz aniversário moça, que as encantadoras rosas de seu jardim continuem brilhando, e que o brilho infinito de suas palavras se perpetue no tempo..
Juvenal Antônio

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Simplificado

o imprevisto, a coincidência
a conversa, a cortesia
o assunto e o beijo

o pensamento, o contato
o abraço, a confidencia
a noite e o sentimento

a confissão, a dúvida,
a coragem, a declaração
o suspiro e o amor

a dor, o medo
a dificuldade, o desespero
a esperança e a alegria

o sorriso, a cumplicidade
o plano, a felicidade
a vida e a eternidade

Fuga

Foge amor
Foge da tristeza
Foge do olho amuado
Foge da boca aguada
Foge da angústia da falta
Foge da ânsia pela presença

Pula cerca, dobra a esquina,
Corre ruas toda a vida e chega brisa.

Faz do carinho um sem fronteira,
Porque amor é muito sentimento para caber em um coração só.