sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Ad verso

Tá, tudo bem, eu sei
Fui eu que te magoei
Mas você não devia esperar uma canção
Que contasse como maltratei teu coração
Direi que eu chorei

Meu bem, você ainda não entendeu
Este roteiro é meu
Agora vamos lá, adivinha:
Quem será a mocinha?
O lobo mal não sou eu

Fotografia não faz o tempo parar
Não é realidade, é apenas um olhar
O meu ângulo não retrata o agora
O meu recorte não é a História
Talvez seja, só a que eu quero contar

Pense bem, como será seu poema
Como você vai entrar em cena
Pra contar tudo que te fiz
O quanto você era infeliz
Por culpa da minha alma pequena

Ninguém poderá dizer que é mentira
Tudo que eu conto é meu ponto de vista
Tudo é visão do autor
A versão de quem ganhou
E a memória é seletiva

São as verdades que criei
Os fatos como desenhei
O mundo como vejo aqui
Não é meu feitio mentir
Mas da minha vida eu que sei

Se pra você não foi bem assim
O conto que conto não é nem pra mim
São versos sombrios de um suposto Pierrot
Todo mundo gosta de ouvir dor de amor
Quem ouviria um Arlequim?

[Que cantor seria o Arlequim?]
[Quem aplaudiria o Arlequim?]
[Quem compadeceria de mim]

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